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Morte na Antena 3

O Administrador da Antena 3 foi assassinado com 3 tiros.
Os suspeitos são as únicas cinco pessoas que a essa hora da manha estavam na rádio. A equipa da manha da Antena 3.
Um destes cinco suspeitos é o assassino.

José Carlos Araújo- Stressado e impaciente por natureza. Na semana passada mostrava sinais de irritação quando o administrador lhe comunicou que a partir de Fevereiro teria de trabalhar como a sua secretária pessoal, envergando a devida saía traçada.

Nuno Markl- Extremamente desajeitado e escondendo uma personalidade perturbada baixo a sua aparente calma.
A semana passada o administrador comunicou-lhe que já não tinha graça e que iria transferi-lo ao departamento financeiro da RDP.

Jorge Botas- Ambicioso e cruel.
Todos os colegas da Antena 3 já notaram a sua vontade de ser chefe e se apoderar da cadeira de administrador. A sua vontade é ser o dono, hoje da rádio, amanha do mundo.

Ana Galvão- Meticulosa e Vingativa
Nunca esqueceu ter sido obrigada a mostrar os seus dotes na dança do ventre em lingerie para poder ficar com o lugar de locutora no programa da manha. Jurou vingança por tremenda humilhação.

Bubú- Também conhecido pelo animal predador de Moscavide.
Com inteligência abaixo da média e sérios distúrbios mentais, Bubú sempre maltratou os seus superiores. Primeiro a mãe, depois a tia, chegou a torturar os seus professores de escola e o chefe da primeira empresa onde trabalhou.

Aquí está o início de um possível episódio do C.S.I. Põe-te na pele de um detective e diz-nos quem matou o Administrador da Antena 3, e porquê. Explica-nos como tudo aconteceu e junta bons argumentos que te dêm direito a uma caixa de dvd´s C.S.I.

As respostas têm de ser enviadas para o email das manhãs, em Manha3@rdp.pt até ao dia 15 de Janeiro.

Boa sorte e bons argumentos!
 

    Tudo estava calmo nos estúdios da RDP. O programa da manhã estava agora a meio da emissão e pelos corredores só se ouviam dois sons. Um deles era o raio do ventilador do ar condicionado que chiava todo o santo dia, o outro era um tiro. E depois outro. E depois mais outro.

    A única pessoa que os ouviu foi o segurança, um fulano de meia-idade, com ar de quem gostaria de ser funcionário público. Enquanto saía para ir fumar mais um SG Gigante ia falando para os botões:
    - O ar condicionado deve estar a dar as últimas. Agora até já dá estouros. Parece o meu Corsa. Daqui a nada morremos todos de frio.

    Um pouco mais tarde ouve-se um novo som pelos corredores. Passos apressados. E logo a seguir, um zumbido tenebroso que se aproximava insistentemente. Cada vez mais alto e cada vez mais perto, até as lâmpadas tremiam de pavor. Nisto, surge uma farda azul, perseguida pelo zumbido.
    Afinal era a senhora da limpeza que estava a rebocar a enceradora pelo corredor fora. No fundo corredor desligou a enceradora e agarrou no pano do pó. Entrou no gabinete do Administrador e desatou aos berros.
    Com tal gritaria, o segurança julga que o ar condicionado avariou de vez e volta a correr, já preparado para dizer que assim não há condições de trabalho.
Assim que vê o cadáver com três tiros na testa, com um ar chocado começa a reclamar:
    - Já não pode um gajo ir lá fora fumar um cigarrinho que tem de aparecer logo um caramelo morto só para estragar o turno... Fosga-se!
    Quem acabou por chamar a polícia foi a senhora da limpeza, que continuava a berrar que nem uma histérica. O polícia que atendeu a chamada, ao ouvir semelhante gritaria, julgou que se tratava de um assassinato a decorrer e apressou-se a mandar uma dúzia de carros-patrulha com sirenes e luzes pelas avenidas de Lisboa. Era desnecessário semelhante aparato porque ainda não havia trânsito nenhum, mas alguém tinha oferecido um DVD da Balada de Hill Street lá para a esquadra e andavam todos um bocadito fascinados com a série.

    Entraram pelos estúdios adentro e gritaram, em coro, obviamente ainda sob efeito do DVD:
    - Freeze motherfucker!
    Mas já estava tudo quieto. A senhora da limpeza continuava a gritar e toda a gente mantinha as mãos nos ouvidos com ar de sofrimento.
    Como a senhora não se calava, um polícia mais Bad cop resolve a situação dando dois tiros na pobre senhora.
    - Shoot first... Ha! Ha! Ha!
    Entretanto, chega um inspector da Prima Judite e corre com a malta da Hill Street. Era sempre a mesma coisa. Não podiam ir a lado nenhum sem mandar ninguém para o hospital.
    - Chamem lá uma ambulância para a mulher!

    Começou por ir ver a cena do crime e telefonou para o laboratório forense:
    - Estou? Daqui é o inspector Zé Maria, passe-me ao laboratório.
    - ...
    - Como? O laboratório está fechado para obras? Mas acabei de vir de lá!
    - ...
    - Ah, compreendo. Não devia ter deixado o fogão aceso... pois era. São azares, sabe? Peça lá desculpa ao chefe pela explosãozita. E diga-lhe para mandar vir os americanos. Eles devem-nos uns favores, por causa dos presuntos de Chaves que lhes mandamos todos os anos...

    Era uma chatice, ter ficado sem laboratório, logo agora que tinha conseguido afinar aquela receita de bolo-mármore. Enfim, teria de recorrer a ajuda exterior, o que até nem era mal pensado - assim já podia ir à bola em vez de ficar fechado no laboratório.

    Foi reunindo os suspeitos, que eram poucos. No fundo resumiam-se à equipa que faz as emissões da manhã. A senhora não era suspeita porque se tinha cruzado com o segurança no pátio, já depois dos tiros. E o segurança estava na portaria, como de costume (excepto quando ia ao pátio fumar).
    Enquanto esperava pela resposta dos americanos, o Inspector Zé Maria fez um inquérito preliminar e chegou a algumas conclusões.
    O primeiro suspeito, um tal de José Carlos Araújo tinha ar de quem ia rebentar um fusível daí a nada. Estava irritado com o Administrador, a quem tratava por "aquela besta", porque lhe tinha dito que ia ser promovido a secretária pessoal e que tinha de usar saia traçada. Logo ele que detestava saias traçadas. Preferia uma abaixo do joelho, muito mais sóbria. E assim não mostrava os joelhos ossudos. Durante a entrevista não parou de roer as unhas e ajeitar as alças do soutien.

    O segundo suspeito, o Sr. Marques, tinha a mania que tinha piada. Insistia que não se chamava Marques e até tentou fazer mímica para explicar que não era assim que se chamava, mas tropeçou num atacador e espetou-se de nariz na enceradora que ainda estava no corredor. O resto da cara ficou a um palmo bem medido do chão.
    Desatou num pranto porque já tinha sido torturador para o Lúcifer e lhe tinham dito que tinha piada. Afinal o Administrador não achava e queria mandá-lo para a Direcção Financeira escrever piadas nos montantes dos cheques dos ordenados.
Aquela barbicha rala era suspeita...

    Nisto, toca o telefone.
    - Ó Shôr Inspector, o Horácio de Miami diz que não pode vir porque tem de ir mandar apertar os óculos. Sentou-se-lhes em cima e sem eles não consegue investigar nada... vou tentar um colega dele.

    O terceiro suspeito já era conhecido do sub-mundo. A sua alcunha era "O Lenhador". Tinha a mania de partir a espinha a todos os que o tentavam ultrapassar usando técnicas que aprendera ao ver luta livre americana comentada pelo Tarzan Taborda. Era ambicioso e tencionava ser dono do mundo! Odiava o Administrador desde os tempos de escola, quando não o tinham deixado jogar à macaca no recreio. Desde então, tinha arrancado as asas a todas as moscas que apanhou e jurou fazer o mesmo ao antigo colega. Era uma pessoa cruel!

Volta a tocar o telefone.
- Ó Shôr Inspector, o Gil de Las Vegas está cada vez mais surdo. Fartei-me de berrar ao telefone mas ele não me percebia. Vou ver se há alguém noutro sítio.

    O quarto suspeito era mesmo muito suspeito. Tinha ar de quem sofria dum sério atraso mental e a meio das conversas mudava de sotaque. Às vezes julgava ser um coronel da Wehrmacht a atiçava rottweilers inexistentes. Chamava-se Almeida mas só respondia pelo nome de Bubu. Descobriu-se que era ele quem andava a roubar a comida deixada aos gatos de Moscavide por simpáticas velhinhas de cabelo azul. Odiava o Administrador só porque sim. Queria torturá-lo com um par de auscultadores e discos dos Delfins ou com uma emissão contínua de programas do Goucha em ecrã panorâmico.

    O telefone toca mais uma vez:
    - Ó Shôr Inspector, consegui arranjar uma equipa de investigação forense. Vêm do laboratório da Trovisqueira de Baixo. São os inspectores José Joaquim e Joaquim José.
    - Mas são bons?
    - Os melhores da Trovisqueira de Baixo.
    - Não havia mais ninguém?!?
    - Aparentemente não, shôr Inspector. Parece que anda p'raí um vírus e anda toda a gente engripada...
    - Bom, lá terá de ser. Mande os homens cá vir ter.

    Enquanto esperava, foi entrevistar a última suspeita. Ana Galvão, de seu nome. Ar frio e calculista, mas no fundo uma doce pessoa. Ainda andava um pouco irritada com o acidente na auto-estrada. As más línguas diziam que tinha conseguido o lugar de locutora após uma sessão de dança-do-ventre no escritório do Administrador. As boas línguas diziam que queriam ter estado presentes. Notava-se que odiava o homem que agora jazia morto: "Disse-me que aquela lingerie me fazia parecer mais gorda! Estúpido!"

    A situação estava complicada, mas tinham acabado de chegar dois imensos bigodes logo precedidos por dois investigadores baixotes e de botas cardadas.

    - Ora muito bom dia!
    - Diria mesmo mais, muito bom dia!
    - Inspector José Joaquim, muito prazer.
    - Inspector Joaquim José, muito prazer.
    - Muito prazer, sou o Inspector Zé Maria e acabei de interrogar os suspeitos. Não consigo saber qual deles matou o homem. Preciso que analisem as provas.

    E os dois inspectores deitaram-se ao trabalho. Sim, porque só os alentejanos é que se deitam para trabalhar.
    Num ápice a sala ficou coberta de pós para levantar impressões digitais, luzes azuis para detectar sangue, luzes vermelhas para detectar saliva, luzes verdes porque eram do Sporting e um intenso cheiro tinto carrascão.
    Umas horas depois, deram por concluído o seu trabalho.

    - Inspector Zé Maria, falta a arma do crime, mas todos os suspeitos estiveram na sala.
    - Direi mesmo mais, todos os suspeitos estiveram na sala, mas falta a arma do crime.

    Os suspeitos são revistados e a arma é encontrada na posse de José Carlos. Timidamente tenta explicar:
    - Eu entrei na sala mas ele já estava morto... depois vi a arma caída no chão. Estava para ir-me embora, mas depois reparei na coronha... tinha embutidos de madrepérola e achei que ia ficar a matar com o meu novo cinto de ligas. Sempre sonhei andar de faca na liga. Sabe como são estas coisas, quando se encontra alguma coisa que combine com outra tem de ter um defeito qualquer. Neste caso era um morto. Mas não fui eu que o matei.
    - Realmente não encontrámos vestígios de pólvora nas suas mãos. Quem esteve na sala antes de si?
    - Foi a Ana. Vinha a ajeitar a roupa e a chorar.
    A suspeita recaía agora sobre Ana Galvão.

    O inspector José Joaquim vai ao UMM estacionado à porta da RDP e traz mais uma mala carregada de instrumentos de alta tecnologia. Abre a mala no meio do estúdio e retira de lá o que se parece com um assador de chouriços com um autocolante a dizer Polícia Técnica de Trovisqueira de Baixo.
    O inspector Joaquim José, entretanto, tirava do bolso esquerdo uma navalha e do bolso direito uma linguiça.
    Sentaram-se os dois à frente do assador enquanto Ana Galvão era interrogada pelo inspector da capital.

    - Que estava a fazer na sala do Administrador?
    - Estou um pouco envergonhada... fui lá ver se ainda achava que parecia mais gorda com esta lingerie. Veja lá se pareço.
    - Menina, pare de se despir! Pare! Só quero saber o que aconteceu. É claro que depois do serviço terei muito gosto em a ver despida, mas agora quero é saber o que aconteceu!
    - Bom, então estava eu a pedir-lhe a opinião e ele nada. Não tugia nem mugia. Ficou ali a olhar para mim com aqueles cinco olhos muito esbugalhados e não dizia nada. Ele achava que estava gorda e não mo queria dizer. Saí de lá a chorar!
    - Cinco olhos?
    - Sim, cinco. Os dois do costume e mais três na testa. Como ele dizia que andava a meditar para abrir os olhos à mente, achei que tinha conseguido. Mas foi muito mal-educado. Nem fez nenhum comentário a esta nova lingerie que comprei. Quer ver?
    - Menina, vista-se! Como também não encontrámos vestígios de pólvora nas suas mãos, preciso que me diga que esteve lá antes de si.
    - Vi o Botas a sair do escritório. Vinha com a camisa cheia de sangue.

    Jorge Botas, mais conhecido por Lenhador foi interrogado pelos inspectores J.J..
    - Diga-nos lá, o que fazia você no escritório da vítima coberto de sangue?
    - Diria mesmo mais, o que fazia você no sangue da vítima coberto de escritório?
    - Hein?
    - Foi você que matou o homem? - interrompe o inspector Zé Maria.
    - Credo, não! Já estava morto. Se o tivesse morto, ter-lhe-ia partido a espinha como o Hulk Hogan fazia ao Grim Reaper. Agarrava nele e ZÁS, no joelho. Depois agarrava-lhe num braço e torcia-lho até...
    - Já chega! Já percebi! E porque estava você coberto de sangue?
    - Cortei-me numa folha de papel.
    - Então explique lá porque razão o sangue é o da vítima.
    - O papel era dele...

    - Hmmm, faz sentido. - pensa o inspector José Joaquim.
    - Pensarei mesmo mais, faz sentido. - pensa o inspector Joaquim José.

    - Então explique-me lá como é que tem vestígios de pólvora nas mãos?
    - Ahh, isso. O gajo andava sempre a gozar com esta minha camisa. E quando o vi ali morto, com aquele sorriso imbecil do costume fiquei furioso. Agarrei na pistola que estava no chão e achei que mais tiro menos tiro não devia fazer diferença, por isso espetei-lhe mais um balázio na testa.
    - Mas isso não explica o sangue...
    - Pois não, como o tiro não me satisfez, resolvi agarrar nele e fazer um pile driver ali mesmo. Mas quando o agarrei, espirrou-me sangue para a camisa e isso não é bom... adoro esta camisa. Posso ir à lavandaria?
    - Calma, homem. Se ele já estava morto, quem acha que o matou?
    - Bom, assim de repente, só me lembro de ver o Bubu a sair assarapantado do escritório, uns minutos antes de lá ir. Como ele já tem aquele ar meio tresloucado, pareceu-me normal.

    Os dois inspectores de Trovisqueira de Baixo abrem uma das suas malas e retiram uma grade de Sagres. Aproveitam a arma do crime para fazer de abre-cápsulas improvisado.
    O inspector Zé Maria, já um pouco farto das entrevistas começa a interrogar mais um suspeito.
    - Diga-me lá o que foi fazer ao gabinete do Administrador.
    - Sou um Coronel da Werhmacht. Não respondo a perguntas! - grunhe Bubu com um sotaque da Baviera.
    - Deixe-se lá disso. Toda a gente sabe que anda a aterrorizar os gatos de Moscavide. Que foi fazer ao escritório do falecido?
    - Rex, ATACA!
    - Tenha cuidado - adverte José Joaquim - encontrámos poias de rottweilers imaginários lá no escritório.
    - Não eram poias imaginárias de rottweilers a sério? - questiona Joaquim José.
    - Deixem-se de coisas. Diga-me lá, Coronel, que foi lá fazer.
    - Andava à procura do meu CD dos Delfins. Os campos de concentração estão sempre à procura de torturas novas... mas não o encontrei e o palhaço que estava à secretária não colaborou nem um bocadinho.
    Nisto, estremece, muda de expressão e continua:
    - My name is Johnny Foxtrot, repeat after me: Tus piernas son muy altas…

    Vendo que dali já não saía nada e não havendo indícios de ter disparado a arma, o inspector Zé Maria, um pouco arrependido por não ter seguido o curso de Contabilidade como queria a sua tia Esperança, resolve interrogar o último suspeito.

    - Já só sobra o Marco...
    - MARKL! - ouve-se da sala ao lado - O meu nome é M-A-R-K-L!
    - Marques, portanto.
    - Eu desisto...

    Markl entrou na sala, ainda com a sua barbicha ridícula, o cabelo desgrenhado e um magnífico penso branco a cobrir-lhe o nariz que tinha espetado na enceradora umas horas antes.

    - Eu confesso! Fui eu que matei o homem. Prenda-me!
    - Espere lá homem, diga-me lá porque razão o matou!
    - Estava no estúdio quando me disseram que o Administrador queria falar comigo. Estava à espera da resposta à proposta que me tinha feito de ir trabalhar para a Direcção Financeira. Mas eu não queria aceitar.
    - Foi por isso que o matou?
    - Não, foi tudo um terrível acidente! Cheguei ao escritório e lá estava ele sentado na sua cadeira e a cara de pau do costume. Tinha uma pistola na secretária e temi pela vida.
    - E matou-o com a própria arma?
    - Sim, quer dizer... implorei que não queria ir preencher cheques. Jurei que me matava. E, como ele não dizia nada, agarrei na arma só para fazer que dava um tiro na cabeça...
    - Ameaçou-o de morte?
    - Não, ameacei que me matava. É diferente.
    - E então, como é que ele acabou morto?
    - É que sou muito vesgo... tirei os óculos para poder encostar o cano à cabeça, mas sem óculos não vejo nada e acabei por dar um tiro no homem.
    - Só um?
    - Sim, só um. Estou tão arrependido. Prenda-me!
    - Infelizmente não o posso prender. Não foi você que o matou. Até agora só temos os responsáveis por dois dos três tiros.

    Nesse momento alguém abre a porta de rompante. Era o famoso detective Duarte, seguido por um cansadíssimo Tó.
    - Mas quem são vocês? - interrompe o inspector Zé Maria.
    - Bem te disse que íamos chegar tarde demais.
    - Ó chefe, não tive culpa que o 2CV tivesse avariado outra vez.
    - Sou Duarte, detective privado. Temos andado a investigar uma série de cartas anónimas dirigidas ao Administrador da Antena 3. Acabámos de resolver o caso, mas vejo que chegámos tarde demais...
    Nesse momento entra a Joaninha.
    - Chefe...
    - Se vires a D. Ema diz-lhe que estou no escritório!
    - Não era isso, acabaram de lhe rebocar o carro!
    - Tó, não foste por uma moeda no parquímetro?
    - Com o que me paga ainda quer que lhe pague o estacionamento?
    - Já te disse que te pago para o mês que vem!
    - No mês que vem, no mês que vem... já oiço isso há seis meses!
    - Lamento interromper - interrompendo sem lamentar, Zé Maria - mas o que raio se passa?
    - Aparentemente, Lúcifer queria controlar a emissão da Antena 3. Para isso mandou uma série de cartas anónimas ao Administrador, ameaçando revelar ao mundo a sua obsessão pela Hello Kitty.
         Fomos encarregues de descobrir quem enviava as cartas, mas parece que o pobre homem não aguentou a pressão e se suicidou... ainda por cima sem me pagar!
    - Ah! Finalmente alguma coisa que faz sentido nesta trapalhada toda.

    - Alguém quer uma mini e uma sandes de courato? - interrompe José Joaquim enquanto penteava o farfalhudo bigode.
    - Direi mesmo mais, alguém quer uma sandes de courato e uma cervejola? - acrescenta Joaquim José.
    - Bom, parece que já resolvemos o caso, alguém me passe o abre-cápsulas!

    - BANG!

 

Queluz, 15 de Janeiro de 2006
145 anos depois do elevador ter sido patenteado por Otis.