do Fundamentalismo

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O Fundamentalismo Norte-Americano e outros

 

   Este texto fez parte de uma mensagem de correio electrónico que enviei aos meus colegas uns dias depois do atentado em Nova Iorque, no qual inseri esta imagem:

    Pelo facto de estar a gozar com a história e de banalizar um livro tido por sagrado por alguns, não julguem que meto todos no mesmo saco.

    Uma coisa são os muçulmanos (que seguindo o Corão para reger as suas vidas são gente pacífica), outra coisa são os fundamentalistas de qualquer tipo.

 

    Geralmente, quando se fala de fundamentalistas, pensamos logo em árabes. No caso dos muçulmanos fundamentalistas temos uma série de bestas (que não têm outro nome) que se acham mais papistas que o Papa (neste caso o Ayatolah) e dizem que seguem o Corão literalmente. É falso, interpretam-no da maneira que querem ou lhes interessa; são, geralmente, grandes argumentadores e conhecem todas as passagens do Corão que não podem ser rebatidas pelo comum devoto.

    Lembrem-se que um bom muçulmano deve conhecer o Corão o melhor possível (se o souber de cor tanto melhor!) e se alguém lhes vem falar de coisas de que não sabe o suficiente para retorquir, julga-se mau muçulmano (ou, pelo menos, pior muçulmano que o orador) e tenta acompanhar (e a quem é que se dirige? A quem lhe expôs a teoria - afinal sabe mais do Corão que ele...) e assim um fundamentalista "recruta" pessoas que nunca pensaram vir a tornar-se "loucos". Geralmente são as pessoas menos instruídas que caem na esparrela. E quando começa a haver uma boa quantidade de fundamentalistas juntos os filhos absorvem tudo aquilo, mas já sem a fase inicial de desconfiança dos pais, aquele já é o seu mundo. Iniciou-se o ciclo vicioso.

 

    O que se passou no Afeganistão, com o movimento dos seminaristas (taliban), é que esses gajos que nada sabiam (e que foram doutrinados por mullahs com interesses obscuros) foram armados (e nós sabemos por quem) para combater um inimigo que já não existe. Ao fim de uns anos de relativa paz, eram os únicos que ainda possuíam as armas e impuseram o que achavam certo (o que o mullah lhes tinha dito que era certo). Ao impor um modo de vida que corresponde ao séc. XIII reduziram muito a instrução da população (e ao proibiram as emissões de rádio, de televisão e proibição do uso de Internet) cortaram os outros canais de propagação de instrução). Assim, as únicas mensagens que são transmitidas, são as mensagens que interessam ao regime. Quando só se sabe um lado da história toma-se por verdadeiro. Chegaram ao ponto de proibir a música (não é que venha no Corão, mas como não vem indicado, explicitamente, que é permitido então é proibido - mas este critério não é uniforme...), não vá aparecer por lá um cantor de intervenção a cantar coisas anti-islâmicas... ou pior, anti-regime.

    Se me perguntarem o que leva aos mullah e Ayatolahs Afegãos a manter aquele regime usando o Corão como justificação só tenho uma resposta: ópio. A produção de ópio mundial está concentrada em três ou quatro países asiáticos. Os maiores produtores são o Afeganistão e o Paquistão. No Paquistão têm sido convertidas plantações de papoilas para outras culturas (ao abrirem poços alargam as escolhas dos agricultores). Se a produção não decresce depressa, pelo menos não aumenta. No Afeganistão, mais  de 90% da produção de ópio está nas mãos dos mullah locais... não é a fé que nos salva...

 

    O mesmo se passa com o fenómeno das Testemunhas de Jeová (outra forma de fundamentalismo, já que todos os que não são Testemunhas e não vivem segundo a Bíblia não têm lugar no Céu...). Quem nunca deu de caras com os pares de velhinhas que se limitam a papaguear o que o Pastor lhes disse?

    Geralmente os "convertidos" são pessoas de pouca instrução (não quero dizer que sejam estúpidas, mas não são capazes de argumentar), que se deixam levar nos raciocínios e quando dão por si andam a distribuir panfletos com "um leãozinho ao lado o menino preto, está a ver?".

    Mais um exemplo fundamentalismo: a IURD, em que "Jesuis é o senhô!". Aqui o fundamentalismo está em não deixar os crentes interpretar as coisas, a receita é-lhes dada em troca do dízimo. Não pensem, nós tiramos o Diabo do corpo. Paguem e terão os 6 exorcismos diários no cinema Império. Não é que sigam as Escrituras à letra (acho que só se baseiam no nome de Jesus Cristo e em certos ritos da Eucaristia Católica) mas os devotos apenas vêem o que lhes mostram, não procuram questionar. Se o Pastor os mandasse matar o vizinho da frente porque estava possuído pelo Diabo, faziam-no sem pensar duas vezes.

    Este é um fundamentalismo mais dissimulado e "pacífico" mas acreditem que os devotos são umas testemunhas de Jeová com panfletos diferentes...

 

    Quando se fala de países fundamentalistas voltamos a pensar nos árabes, com os seus regimes religioso-políticos. É certo que há muitos países fundamentalistas Islâmicos, mas também os há fundamentalista Cristãos. Reparem que nos Estados Unidos, em todos os actos solenes ou não, diz-se sempre "So help me God!"...
    Até as moedas, desde o princípio do Século XX, trazem a inscrição "In God we trust"...

 


    E nesta ânsia de punir alguém que usou as mesmas armas (embora por interpo
sta pessoa) os Estados Unidos estão a mostrar a sua arrogância e vão acabar por mostrar que também são fundamentalistas (olho por olho, dente por dente - é o que diz na Bíblia...), não procuram perceber a situação... e neste caso estou a falar dos políticos, que têm cerca do triplo da instrução dos restante americanos (3ª classe, portanto). Basta ver que já foram assassinados árabes e indianos só porque pareciam muçulmanos... e os muçulmanos são todos maus e andam a tirar cursos de piloto na Florida e como são infiéis não têm lugar no Paraíso (como não vão para o Paraíso, vão para o Inferno, quem vai para o Inferno deve ser mesmo muito mau...). Fundamentalismo.

    Se quiserem mais provas do fundamentalismo americano, basta dizer que os americanos seguem sempre as regras, não interessa que não façam sentido, ou que sejam totalmente cretinas, o que é importante é seguir o que vem no livro (Bíblia, código penal, instruções de preparação de pizzas congeladas, etc.). Lembrem-se do caso do preso em liberdade condicional que, em legítima defesa, matou um assaltante (com a arma que lhe tirou após uma luta) e que foi preso porque tinha tido uma arma na mão durante a liberdade condicional (confundiram o verbo ter com o possuir - held)!!!

 

    Agora que já vos lixei o juízo e sei que mo vão lixar a mim, especialmente (vocês sabem quem....), vou-me deitar e espero continuar um dia destes...

Boa Noite

 

Afonso Vargas Loureiro