Biografia e notas pessoais

Capítulo I ] Capítulo II ] Capítulo III ] Capítulo IV ] Capítulo V ] Capítulo VI ] Capítulo VII ] Capítulo VIII ] Capítulo IX ] [ Capítulo X ]


Capítulo Décimo

também conhecido como Biografia não autorizada do homem que usa um pijama de uma risca só. Duas, vá. ou A Super-FX usa uma camisola da mAAAAAnGGGGGo!

 

    Este capítulo é dedicado a um dos seguidores do verdadeiro Messias aquando da sua passagem pelo plano terreno. Todos os factos aqui relatados são a mais pura verdade, nada mais que a verdade e se alguém insinuar que sou mentiroso lembre-se de que o Messias é perfeito e não mente!

    Todas as citações constantes neste capítulo provém do Séqueço, o livro sagrado dos crentes no único e verdadeiro Messias. Esta obra divide-se em muitos capítulos. Demasiados mesmo. Nem o próprio Messias conhece todos, embora se lhe atribua autoria de todos. Cada capítulo é subdividido em siclos. Ninguém sabe o que é um siclo mas há quem diga que é o cruzamento entre um lavagante-fluorescente e uma enceradora industrial com um autocolante a dizer Tunning na junta da fritadeira. Devo confessar que mais picareta, menos picareta e o ocasional agrafo nº10, é uma definição muito aproximada do que um siclo é.

    Os crentes no verdadeiro Messias dividem-se em quatro categorias principais:

    - Os Crentes;
    - Os Muito Crentes;
    - Os Muito, Muito Crentes e
    - Os Estúpida e Absurdamente Crentes.

    Para além destes, ainda há os Apóstolos. Distinguem-se dos demais pela incapacidade em dizer o nome do livro sagrado sem pensarem em sexo ou tentar disfarçar um sorriso, pois estes e apenas estes compreendem o verdadeiro significado místico dessa grande obra que é o Séqueço.

    Esta é a história de um desses Apóstolos. Radical, com tantos defeitos como cabelos brancos e qualidades como cabelos pretos. Facilmente se verifica que os seus defeitos superam as qualidades numa proporção de quatro para um.

 

    Radical acabou por se distinguir dos demais seguidores do verdadeiro Messias. Devido à sua imensa sede por listas ordenadas, foi promovido a Alfabetador-Mor do Reino e atribuídas tarefas de suma importância.

    O Messias acabou por se aperceber deste erro tarde demais. Primeiro julgou que fizesse tudo parte do grande plano do Pai para salvar a humanidade, tal como o Sr. Iscariotes tinha feito parte do plano do Pai para trair o JC por 30 moedas. Daqui resultou um acontecimento que veio a ser conhecido como o Grande Pandemónio Holandês.

    Passo a explicar: Radical teve a incumbência de pôr ordem no Reino da Holanda. Por «pôr ordem»; entendeu ordenar e meteu mãos à obra...
    Ordenou todas as túlipas que encontrou por comprimentos de caules, diâmetros de corolas e características cromáticas; alfabetou a lista telefónica de Roterdão, que passou a ter as primeiras 217 páginas cheias de AA, mais 148 só com BB e umas míseras 5 páginas preenchidas com ZZ. Ordenou todos os relevos naturais e substituiu-os por um relevo médio global. Teria continuado mas teve de ser interrompido depois de ter alfabetado a gramática e fonética holandesas. Estava a ficar uma salganhada descomunal. É por isso ninguém consegue perceber o que raio dizem os Holandeses, muito menos saber para quem é que se está a telefonar. Mas temos de admitir que os campos de túlipas até nem ficaram nada mal.

    Hoje em dia, o Messias explora esta faceta de Radical quando o quer manter entretido. Dá-lhe um pacote de M&M's para a mão e pede-lhe que os ordene. Ele fica horas a tentar perceber se o 3 fica entre o E e o M ou vem só a seguir ao W... infelizmente acabam por se derreter naquelas mãos suadas. Mas é um problema de uma magnitude muitíssimo inferior à do Grande Pandemónio e isso deixa toda a gente mais descansada.

    Uma desgraça ainda maior (porque, sinceramente, ninguém se rala com o que os holandeses dizem) ocorreu quando alguém descobriu a fantástica capacidade de fazer contas de cabeça do homem do pijama de poucas riscas.
    Há muitos anos atrás, alguém encontrou um manuscrito enterrado ali para os lados da Brandoa. Estava nas costa de um panfleto do Prof. Chandinga, eminente astrólogo senegalês, mestre em magia branca, preta, a cores e assim-assim. Parecia ser um poema, um bocadinho monótono talvez, que começava com "Um-vezes-um-um um-vezes-doi-dois um-vezes-três-três..." mas tinha uma certa musicalidade e acabou por ser adoptado como canção de embalar a que chamou de Tabuada. Parece um pouco estranho este nome, mas tem uma explicação simples: A lenga-lenga terminava no dez-vezes-dez-cem. Nessa altura, se a criancinha ainda não tinha adormecido e, como não se sabia como continuava a canção, os papás recorriam ao método da tabuada-nos-cornos e o rebento adorado tinha uma repousante noite de sono, embora acordasse com a impressão de que tinha sido atropelado por um pinhal centenário em migração de Inverno.
    Mais estranho que isto, foi que os autores do recente êxito editorial O código da Bíblia fizeram a mesma análise a esta canção de embalar e chegaram à conclusão de que aquilo batia certo. Sete vezes quatro era mesmo 28! Quer dizer, segundo eles, era mesmo 32.56, mas culparam o Guterres, que tem jeito para as contas e fazia parte da equipa, e a versão final indicava 28. É claro que esta revelação despoletou uma série de reacções. Alguns diziam que a Tabuada era uma mensagem de Deus, outros diziam que era tudo uma tramóia dos espanhóis para vender mais caramelos, outros ainda diziam que estavam atrasados para o almoço ou que tinham deixado a panela ao lume e não tinham tempo de dizer nada. Houve até gente que começou à procura de regras naquele texto místico e os astrólogos africanos fartaram-se de ganhar clientes!
    O certo é que ainda não se tinha encontrado melhor utilidade para as recém-descobertas regras da aritmética que fazerem figuras tristes (de volta de sumo de uva fermentado - para o qual já tinham encontrado utilidade) a tentar multiplicar de cabeça 4 por 2. Quase ninguém acertava e geralmente faziam batota quando diziam oito porque contavam pelos dedos.

    Ora uma noite, alguém perguntou ao Radical quanto eram «quaaaaaaaaaaatro.... hic vezezezes dois?». Todos esperavam ouvir a resposta favorita do Salsicha, o extra-terrestre - «UM!», mas Radical mostrou que estava para lá do comum dos mortais. Cruzou os dedos, revirou os olhos, disse duas vezes «hmmmm» e respondeu «Oito.» Parecia impossível. Tinha acertado e, pior que isso, estava sóbrio!
    Voltaram a perguntar e a resposta foi novamente convicta «Oito.» Não havia dúvida alguma, estavam perante um génio matemático. Nasceu ali mesmo um desafio imenso: encontrar uma multiplicação que Radical não fosse capaz de resolver tornou-se o desígnio de parte significativa da clientela dos bares . Tornou-se de tal forma importante que se criou uma categoria profissional só para os que inventavam problemas impossíveis para multiplicar de cabeça. Radical tinha acabado de inventar os contabilistas...
    É óbvio que os primeiros problemas não eram lá muito complicados. Na verdade limitavam-se a perguntar-lhe quanto eram dois vezes quatro... E os seguintes também não eram difíceis pois a solução tinha de estar contida na Tabuada. Depressa se evoluiu para além desse Bojador. Rapidamente e em força se começou a falar das multiplicações com três parcelas. E logo a seguir veio uma nova geração de multiplicações - as de quatro parcelas com duplo veio excêntrico à cabeça. E depois apareceram as de filtro catalítico e luzes de neón por baixo...
     Nos dias de hoje, já todos aqueles trabalhadores lhe faziam perguntas francamente difíceis, como por exemplo «Qual a taxa de juro variável composto resultante, num prazo de 16 anos, com margem líquida de 0.2% e mobilização de bonificação de quotas para um capital ressegurado de 17436 coroas dinamarquesas trocadas por escudos cabo-verdianos numa casa de câmbios da zona oriental da Macaronésia?». Mesmo assim, a resposta não tardava e era sempre correcta. Radical cruzava os dedos, revirava os olhos, dizia «hmmm hmmm» e respondia «12.6254389 % + EURIBOR ajustada». Foi nesta altura que o Messias lhe apareceu à frente levou as mãos à cabeça e disse «Valha-me Eu. Não te posso deixar sozinho em lado nenhum! Irra!». Levou-o para longe e fez com que as pessoas o esquecessem por uns momentos, pagando uma rodada.

«E o Messias, aproximando-se do homem que cruzava os dedos, revirava os olhos e dizia duas vezes «hmmm», resistiu à tentação de o estrafegar. Levou-o para longe e fez com que as pessoas o esquecessem. Praguejou em nome do Pai e sentiu-se melhor. E viu que isto era bom, pois tinha deixado de ouvir «hmmm... hmmm...» a toda a hora e tinha desopilado o fígado.»

in Séqueço, Cap. 18, siclo 1

    Levou-o até à Pastelaria Clister para comer uns palmiers com doce de ovos, cobertos de chantilly e chocolate, porque estava só pele e ossos. Radical agradeceu, comeu, comeu, comeu, mas não melhorou. Continuava só ossos.
    Tinha passado fome e sede, não dormia fazia anos e, ainda por cima, estava cheio de cabelos brancos. Mas custou-lhe ver tanta gente boa subitamente no desemprego. De pais para filhos tinha passado a arte de inventar novas perguntas. Gerações inteiras se tinham devotado a essa nobre função de fornecer-lhe perguntas cada vez mais complexas. Pediu ao Messias que intercedesse por eles, que lhes encontrasse uma maneira de poderem continuar a fazer o que sempre fizeram. Que pudessem ser felizes.

    Ora o Messias, mesmo sabendo que é tudo menos perfeito, achou tal ideia um completo disparate e resolveu ignorar o pedido de Radical.

«"Dai-lhes um objectivo de vida. Inspira-lhe um propósito nas suas contas. Faz deles contabilistas." E assim foi. O Messias estendeu a mão direita e disse "Queria um café, por favor!".»

in Séqueço, Cap. 3218, siclo 23

    Aparentemente o Pai estava distraído e, ao ver aquela mão suplicante agitar-se no ar, julgou que o Messias queria que assim fosse mas não tivesse pago a conta dos milagres desse mês. A operadora de Tele-Milagres Nacional (TMN) era implacável quando se tratava de prazos de facturas, não fosse alguém pedir o milagre de que eles se esquecessem de as cobrar. O Pai, com um gesto singelo, encarregou os contabilistas de se entreterem com a mais recente invenção: o dinheiro. É por esta infeliz sucessão de incidentes e a um lamentável mal-entendido que o sistema financeiro deste mundo gira à volta de sumo de dinossauros mortos e ninguém consegue perceber porque razão existe o IRS.

    É verdade que o mundo ficou infestado de contabilistas, mas o Messias nunca mais teve de se preocupar em calcular quanto eram 28% de 65% de 672 bolívares. Todo este conhecimento estava à distância de um revirar de olhos, um cruzar de dedos e um par de «hmmm».

    É óbvio que apenas os contabilistas mais velhos conhecem as origens da sua profissão, embora não saibam ao certo porque razão têm brio em arranjar problemas cada vez mais complicados. As gerações mais novas têm a ideia de que essa coisa das contas de cabeça deva ser doloroso pois deve implicar andar à cabeçada a calculadoras electrónicas, por isso limitam-se apenas a criar os problemas e a passar despercebidos, não vá alguém pedir-lhes para fazer uma.

    Foi nesta altura que o Messias teve a feliz ideia de afastar Radical do mundo civilizado. Se tivesse sido só o Grande Pandemónio Holandês, ainda se podia fechar os olhos e fazer de conta que tinha sido um acidente. Mas com tanto contabilista selvagem a saltar de trás das moitas, começava a tornar-se difícil acreditar que Radical não fazia de propósito. Seria ele o Anti-Cristo?

    O destino seria Tróia. O único lugar na Terra onde se pode ver o mar ser engolido pelo fim do mundo. Foi lá que o Judas se perguntou a si mesmo onde raio teria deixado as botas porque já lhe doíam os pés. Era aí que Radical ficaria até se conseguir arranjar uma desculpa convincente para os contabilistas em estado selvagem que começavam a descer das montanhas e a atacar as aldeias.

    Foi nesta viagem que o Messias caminhou sobre as águas revoltas do Sado.

«... dirigindo-se aos seus discípulos, o Messias disse: Vinde comigo. Vamos caminhar sobre as águas...»

in Séqueço, Cap. 14, siclo 2 

    E assim aconteceu. Entraram todos no Ferry para Tróia e caminharam de um lado para o outro até chegarem à outra margem.

    Nesta longínqua província do Império refugiaram-se numa zona tão remota e desolada que os homens eram forçados a praticar o canibalismo... felizmente que os contabilista que procuravam desesperadamente Radical não sabiam disso e iam sendo devorados em grande número. Reencarnavam logo de seguida, cheios de vontade de comprar roupa interior fuchsia e pochettes desenhadas por estilistas canibais... viravam o relógio para o lado de dentro do pulso e voltavam aos pulinhos alegres para as suas casas com um sorriso nos lábios e um andar desengonçado.

    Foi desde esta estada em Tróia que Radical ganhou pavor de se multiplicar na mata. Consta que foi avistado a percorrer um pinhal à beira-mar plantado com um pequeno rolo de papel de fax e um ar suspeito. Algures perto de um aeroplano de matrícula SA-UL que por ali se tinha despenhado, começou a procurar um trono de porcelana. Quando encontrou o que procurava, esfregou as mãos de contente e atirou-se de costas contra o autoclismo de água morna que equipava aquela sanita instalada debaixo dum pinheiro.
    O que ele não sabia, nem desconfiava, é que aquela sanita era apenas o isco numa armadilha para os incautos adubadores de pinhais que preferem o conforto do lar em vez do ar fresco do campo...
    Ainda não tinha acabado de dar um suspiro de contentamento quando tudo à sua volta foi inundado de luzes multicolores e zumbidos estranhos. Olhou para cima e viu um objecto metálico que parecia um charuto acabaçado com escotilhas transparentes a toda a volta e um autocolante da Penélope numa das pontas. Paralisado de surpresa, medo e essencialmente porque tinha os calções enrolados à volta dos tornozelos, Radical foi incapaz de fugir.
    A nave acabou por aterrar ao seu lado e uma das escotilhas laterais abriu-se devagar, com um ranger irritante. Depois de alguns pontapés vindos do interior acabou por se fixar numa posição que, não se podendo dizer que estava aberta, pelo menos permitia que se passasse do interior para o exterior e vice-versa. Lá de dentro surgiu um ser claramente extra-terrestre. Trazia uma toalha pendurada ao pescoço (sinal claro de que era um viajante inter-galáctico) e disse entre-dentes: «Tem zaí fot hokópyas?»
    Nisto, Radical desmaiou. Quando voltou a si, a sanita já lá não estava. O autoclismo de água morna também não. O seu rolo de papel estava todo esfrangalhado num ramo de pinheiro e tinha os calções vestidos do avesso. Radical tinha a clara sensação de que tinha sido raptado por extra-terrestres e submetido a exames anais - como todos os que foram raptados por extra-terrestres, aliás. Mas os relatos são confusos e acabam por ser apenas um diz-que-disse, não se sabendo se foi assim mesmo que aconteceu ou não. Já se tentou obter confirmação por parte do tripulante da nave, mas apenas foi capaz de repetir entre-dentes: «Tem zaí fot hokópyas?» e de acenar, furioso, uma factura da Pirelli...
    O certo é que Radical nunca mais foi capaz de ir adubar as matas deste país sem estar sempre a olhar para o céu com um ar nostálgico... e como isso lhe dá umas dores de pescoço do camandro, dignas das inflingidas por um algoz medieval ao serviço do Sr. Torquemada, resolveu passar a ir sempre até casa sempre que tem uma aflição intestinal...

«E ao terceiro dia, a pomba branca voltou com um ramo de oliveira no bico. Vinha castanha e a cheirar mal. Radical estava a olhar para o céu quando lhe cagou em cima.»

in Séqueço, Cap. 1646, siclo 72 

    Foi numa destas suas visitas à casa de banho que, enquanto mandava um fax ao Mário Soares, resolveu cortar as unhas dos pés com estes em cima do lavatório. O lavatório partiu-se, cortou-lhe uma mão, o pescoço e fez com que ficasse com os cabelos todos brancos com o susto... enquanto se esvaía em sangue invocou o único e verdadeiro Messias. O Messias lá apareceu coberto de lama e a cheirar a acetileno e tratou de fazer um milagre. Começou a trazer Radical de volta à vida. Voltou a colar-lhe a cabeça no lugar. Depois mudou de ideias e tirou-lha do joelho esquerdo e usou aquele espaço livre no cimo do pescoço. Estava a tentar decidir se lhe havia de pôr a mão com o polegar para dentro ou para fora quando Radical começou a reclamar de ter a casa de banho toda cheia de pegadas e manchas de lama... O Messias mandou-o para dar uma volta ao bilhar grande (mas de forma suficientemente vernáculo para fazer corar o Lúcifer) porque tinha vindo a toque de caixa lá das grutas de não-sei-onde só para ver se o conseguia pôr numa só peça (porque tinha um certo jeito para montar puzzles difíceis). Se estava a reclamar tanto, nem sequer lhe ia tratar do cabelo! Que ficasse com ele todo branco! Pobre e mal-agradecido. Quer dizer, retalhado e mal-agradecido!

   Entretanto, o Messias invocou os seus imensos poderes e de uma só vez acabou com a praga de contabilistas que andavam a fazer-lhe a vida negra. Sobraram alguns porque, como se sabe, o Messias é tudo menos perfeito. Se fosse perfeito não tinha sido preguiçoso e ter-se-ia lembrado disso antes, em vez de andar feito parvo a correr mundo na companhia do causador da praga... o regresso a casa era agora possível e o Messias voltou a caminhar sobre as águas.

    De volta à civilização, o Messias teve de enfrentar mais uma provação. Os nativos do Jardim Botânico estavam a ficar inquietos. Desatavam a esbracejar furiosamente um jornal amarfanhado e a grunhir «Venha! Venha! Destrôça!» sempre que se aproximava um automóvel.

    Foi nesta altura que o Messias compreendeu que Radical não era o Anti-Cristo e que o seu talento escondido era o de afastar os arrumadores com quase tanta perícia com que tinha atraído os contabilistas.

    O facto de trazer sempre consigo a sua colecção completa do Guia do Automóvel desde 1986, em encadernação de luxo, era o seu trunfo. Várias vezes teve a oportunidade de deixar os nativos espantados ao ser capaz de recitar de cor a capacidade, em mililitros, do porta-luvas de um BMW 2002 ti. Esta súbita revelação deixava-os a tentar decifrar o significado daquele número. Seria o sinal inequívoco do fim dos tempos? Seria a prova de que os alemães usam luvas? E é claro que, enquanto os nativos descobriam que afinal o 2002 não tinha um porta-luvas assim tão grande, toda a carga mística se desvanecia e Radical já tinha fugido de fininho, esquivando-se de dar a moedinha por ter sido assistido no estacionamento do seu Citroën Saxo verde-garrafa-de-tinto-carrascão equipado com removedor automático de burriés integrado no comando da climatização.

    Mas passando a outros assuntos que não só as desgraças provocadas por esse grande imbecil...

    Radical, antes de se tornar Apóstolo fiel do Messias levava uma vida pacata e sem surpresas e teve, como todos os seres remotamente humanos, a sua dose de paixões assolapadas, ou melhor figuras-de-urso-que-fez-a-tentar-cativar-as-gajas. A que mais nos marcou a todos, foi a Super-FX.

    A Super-FX é o fruto de uma experiência genética da NASA para produzir um tripulante com atracção gravítica superior à de Júpiter. Assim poupava-se muito dinheiro em combustível para as viagens interplanetárias, uma vez que não seria necessário levar o tripulante até ao destino porque era o destino que vinha de encontro ao tripulante. Para isso, manipularam os genes duma mulher perfeitamente normal e ela desenvolveu duas glândulas mamárias, equipadas com geradores gravíticos, que se assemelhavam à estrela da morte, mas em maior e sem os canhões laser e o asmático do capacete preto lá dentro. Rapidamente se aperceberam dos defeitos de concepção da coisa... para além de também atrair todos os instrumentos que era suposto deixar no destino, mantinha em órbita permanente doze velhos rebarbados, três dos quais usavam só gabardina, meias e um sorriso tarado. Isto tornava um pouco difícil ver para onde se ia. Ou melhor, ver o que aí vinha!

«Visite a nossa secção de lingerie no terceiro andar.»

in Séqueço, Cap. 1021487341, siclo 9.98 m/s2 

    Consta que uma vez conseguiu atrair graviticamente a atenção do Professor Trabucho quando entrou numa das suas aulas. Aquele homem, habitualmente impassível, foi incapaz de controlar o pescoço enquanto o seu olhar era desviado para as duas massas que se escondiam atrás de uma fina película de Lycra amarela com uma risca transparente. Viu a sua língua ser puxada para fora da boca e perdeu o dom da palavra até que a Super-FX se sentou e desligou aqueles portentosos seios de tecnologia espacial. Assim que o zumbido provocado pelo arrefecer dos reactores nucleares se deixou de ouvir e a dúzia de velhos rebarbados aterrou violentamente nas poucas cadeiras livres do anfiteatro, Trabucho assumiu a sua postura britanicamente impassível e retomou o seu ritmo frenético do costume.

    A sua atracção gravítica era tão forte que chegou a atrair o radical, mesmo estando ancorado à superfície terrestre pelo seu famoso saco do auto-rádio. Nem os seus magníficos Adidas equipados com 3 riscas anti-gravidade a trabalhar na potência máxima o salvaram. Foi sugado para o buraco negro que se formava entre os seios da rapariga. Já ali tinham desaparecido muitos incautos que se aproximavam demais. Acabou por ser resgatado por um monge budista que por ali levitava em serena meditação.

    «Venerável companheiro do pijama espartanamente riscado», disse o monge. «Para atingir o Nirvana, necessito de realizar um milagre e vejo que a situação em que o honorável companheiro da roda da vida se encontra é deveras delicada e nada menos que um milagre o fará voltar à terra.»
    Radical, já meio sufocado e com ambas as retinas permanentemente danificadas pelo impacto com os mamilos da Super-FX, acenou que sim com os pés.
    Com movimentos lentos e estudados, o monge libertou Radical da sua prisão dos seios nucleares, que Radical aproveitava para ver em Braille, e depositou-o suavemente em terra firme. Radical sentiu-se invadido por uma imensa sensação de paz e resolveu começar a alfabetar uns bilhetes do metro que tinha na carteira, junto do «Em caso de acidente...»
    Olhou para cima e reparou no monge que despia o seu hábito açafrão com um ar contemplativo enquanto murmurava uma reza.
    «Deve estar a preparar-se para atingir o Nirvana» pensou Radical. Nisto, o monge nu dispara a correr em direcção à Super-FX, a gritar «MAMAS!» E atingiu o Nirvana!

    Continuando a sua saga de paixões do espaço, acabou por se sentir atraído, numa relação claramente homossexual, por nem mais nem menos que Darth Vader. Sim, esse mesmo. Um dia aproximou-se de Radical e segredou-lhe ao ouvido «Join the dark side... hhhss... young Radical... quereis ver... hhhsss... o meu sabre de luz?... hhhsss...».
Radical voltou-se e ficou maravilhado com aquele espectacular capacete preto. Era de facto assombroso! Radical sentiu-se subir às nuvens e julgou ouvir música ao longe, mas era apenas um bando de pavões do Museu da Cidade a fazer «Béuu! Béuu!»...
    Apesar de tudo parecer perfeito, todos sabemos que isso não é possível, pois quando o Radical está envolvido na história, as coisa costumam acabar mal...

«Join the dark side, dizia o apóstolo do Mal. E Radical caíu em tentação. O Messias viu que isto não era bom, mas estava ocupado a comer umas bolachinhas e tinha começado agora mesmo um episódio do C.S.I....»

in Séqueço, Cap. 152997, siclo 158411323 

    Radical, tentando impressionar aquela distinta personagem, começou a recitar de cor todas as páginas 16 das Guia do Automóvel de 1989. Quando terminou, Darth Vader inclinou o capacete para a direita e murmurou, com um sotaque delico-doce «Oi??». Afinal, quem ele pensava ser o Sr. Anakin Skywalker era apenas o Ronaldinho, que depois de se ter cansado do futebol, andava a vender pneus Pirelli no sistema de Alpha-Centauri. Tinha acabado de convencer um gajo num charuto acabaçado, que falava sempre entre-dentes, a comprar-lhe um jogo de pneus hiper-espaciais recauchutados porque ameaçou chamar um Cruzador Imperial só para lhe redecorar a nave com dois ou três pequeníssimos mísseis. O fato de Darth Vader dava sempre um ar de autoridade indiscutível e de nada serve a potência sem controlo, já lhe dizia a sua falecida mãe. Isso e porque com a máscara ninguém gozava com as suas favolas de coelho...

    Outra grande asneira deste grande imbecil que agora só conseguia focar a 10 cm do nariz, foi o Salête, mais conhecido por Tigreza, a mulher do Chupão! Ainda hoje todos se perguntam porque não seguiu Miguta a sugestão de Lopes «Espanque-a! Espanque-a!»... Estou certo de que haveria imensas testemunhas em como tinha sido Salête a agredir violentamente o chicote da Miguta com selváticas cabeçadas e embates de costas.
     Mas escuso de entrar em detalhes desta história sórdida que chega a envolver pequenos cantores espanhóis que deram em milibares (unidades de pressão internacional). Já é sobejamente conhecida e só me vem à cabeça a célebre frase

«Não aguentas mais que cinco...»

in Séqueço, Cap. 587, siclo 153 

    Ficarão para a história Ana, a pugilista, que parecia uma boneca de porcelana e uma moça chamada Estupidamente Bárbara. O Messias tem mais que fazer que contar as paixões alheias, especialmente quando está cheio de fome, por isso imaginem vocês o resto que têm boa cabecinha para isso!

    Umas décadas mais tarde, Radical foi avistado com um ar suspeito, a percorrer os pinhais perto do Restelo, olhando para o céu e a gritar «Tenho fotocópias! Tenho fotocópias!». É claro que começou a atrair as atenções das guardas-florestais que ali trabalham de noite (não vá haver incendiários que façam horas extraordinárias) com fardas muito reduzidas, que não protegem nada do frio e saltos-agulha para ficarem mais altas e conseguirem ver mais longe.
    Estas senhoras telefonaram imediatamente aos seus supervisores que começaram a perseguir Radical e Isabel, que o acompanhava. Ela andava com ele apenas para conseguir a fotografia do século. Queria fotografar um extra-terrestre com uma toalha pendurada nos ombros, na categoria de «Gangas, Tangas & Charutos Acabaçados» da Maratona Fotográfica de Lisboa e Rotundas de Tercena. Com o ar suspeito desta e o ar de alucinado de Radical apenas conseguiram ser perseguidos implacavelmente por um sujeito que se dizia ser o protector das guardas-florestais. Sempre que dizia isto, apareciam-lhe três marmanjos por trás do ombro direito a cantar «Tcha'ram!», à laia de separador musical dramático - exactamente o tipo de coisa que todos os ditadores africanos adorariam poder ter para lhes inchar ainda mais os seus egos descomunais dentro daquelas fardas de Generais com mais medalhas do que o Zézé Camarinha teve clientes.
    Radical só lhe gritava «Seu chulo!» pela janela do Clio 1.2 16 válvulas (que afinal se devia chamar 1.1 e tinha uma 5ª velocidade estupidamente curta) que chiava furiosamente os pneus, quase sem sair do mesmo sítio. Afinal estava só a ganhar balanço para entrar no hiper-espaço, graças a um desconto que o Ronaldinho lhe tinha feito em pneus de competição Pirelli Warp 9.

«À medida que se aproximava da velocidade da luz tudo se tornou vermelho. Era o sonho de qualquer benfiquista! Uma voz tonitruante entoava a Cavalgada das Valquírias e o tempo corria mais devagar. O Clio já cabia numa garagem de 2 metros e estava parecido com um papa-reformas prateado. Radical mudava as estações de rádio mais depressa do que o olho humano podia ver na esperança ténue de conseguir apanhar exactamente os quatro segundos de música que lhe apetecia ouvir. Os sistemas solares eram passados ainda mais depressa e de repente... havia obras na auto-estrada hiper-espacial e estava tudo parado na cintura de asteróides de Slartiblartfast V. Paga-se portagens e depois tem de se gramar destas coisas!»

in Séqueço, Cap. 564, siclo 841 

   Materializou-se a alguns anos-luz de distância, quase instantaneamente, e começou logo a reclamar que o ABS lhe andava a falhar um bocadinho sempre que passava naquela curva apertada perto da Nebulosa do Caranguejo, assim como quem vai para a Caparica, a mais de Warp 4.

   Com isto tudo, acabou por ficar desempregado, pois os patrões ouviram dizer que tinha andado a fugir do seu chulo, em Monsanto e tinha a cabeça noutro planeta. Gente desta é sempre de desconfiar!

    Como não sabia fazer mais nada que não levantar números de polícia (pelo menos não os tirava e trazia para casa, como o Salête), começou a ganhar a vida num circo.
    As pessoas compravam bilhete para verem Radical, o fenómeno. E o seu número era mesmo impressionante.

    No meio do Chapitô, Radical era descido num trapézio, tremendo que nem varas verdes (continuava cheio de vertigens mas o seu manager tinha-lhe dito que assim era uma entrada mais dramática). Chegado à arena fazia duas vénias, apanhava uma das lentes que lhe tinha caído, fazia mais três vénias, para voltar a apanhar a lente e reclamar que estava cheia de areia e que assim não se podia trabalhar. Nisto, entravam na pista dois táxis cor-de-caca e um semáforo esquizofrénico, juntamente com uma foca, um palhaço, o coelhinho e o avô (tinha-se perdido o autocarro para o lar, por isso tinha vindo no combóio para o circo na companhia do coelho e do palhaço). Finalmente entrava o AX 1100 cinzento com um sapo anti-tabagista a pedir beijos, uma almofada no banco de condutor, um autocolante a dizer que o pluto é filho da pluta, outro a anunciar a Expo 98 e um auto-rádio Blaupunkt com as teclas muito, muito usadas.

   Os táxis começavam a circular à volta da pista e paravam sempre que o semáforo estava vermelho. A foca equilibrava o AX na ponta do focinho, com Radical lá dentro que ia espantando o público com a velocidade estonteante a que se moviam os seus dedos. Era capaz de escolher 12 estações de rádio diferentes, engrenar a 4ª, 3ª, 5ª e 2ª velocidades (por esta ordem) do AX 1100 que era «o filho da pluta da Expo 98», limpar os vidros, o nariz e aquele espacinho imbecil que existe entre o volante e o painel de instrumentos, buzinar três vezes, mandar um taxista para o «falo que o penetre» e regular a velocidade do ventilador da climatização no espaço de tempo que dura entre o semáforo passar para verde e o segundo taxista começar a buzinar furiosamente.

    Depois de deixar o público a aplaudir compassadamente, saltava de marcha-atrás do cimo do focinho da foca para o meio da pista e desatava a costurar entre os dois táxis que continuavam a circular furiosamente.
    O apresentador gritava «Mais uma volta, mais uma viagem! Mais emoção, mais velocidade! Tirem-me os putos de cima da coluna!» enquanto Radical bordava o logótipo do Benfica por entre os táxis. O AX circulava quase sempre numa só roda. A suplente! Quando finalmente os táxis se despistavam, Radical saía do AX com um portátil debaixo do braço e desatava a manipular folhas de cálculo Excel apenas com o teclado. Ao lado dele sentava-se um exército de operadores indianos que o tentavam acompanhar usando também o rato, mas um por um iam desfalecendo ou dando em loucos só de observarem aqueles dedos suados a matraquear nas teclas com tal velocidade que pareciam desfocados.

   Não se sabe ao certo se era devido às capacidades sobre-humanas de Radical, se devido aos gases de escape dos 190D que circulavam a mais de 150 km/h à volta da pista (tal como o fazem na Rotunda da Boavista) ou se era porque, mesmo no meio da pista, o avô e o palhaço estavam a sodomizar o coelho à vez, mas a lotação estava sempre esgotada e o número era um sucesso.

   A seguir vinha um número de trapezistas muito bom, mas com os gases de escape que se tinham acumulado no topo do chapitô, nem conseguiam agarrar-se ao trapézio e despencavam-se lá de cima como se estivessem a fazer um concurso de saltos para a água, mas sem água. É óbvio que se esgotaram os trapezistas num instante e o circo ficou reduzido a uma única atracção: Radical!

   Foi no final de mais uma das suas actuações que conheceu o amor da sua vida. Estava descansado a descarregar pornografia do emule quando ouviu um leve bater na porta da sua roulotte de artista de circo. «Olá, chamo-me Paula e vinha saber se havia vaga para o número dos leões... é que me vou despedir não tarda e como tenho apelido Félix, achei que se calhar...». Radical começou a ouvir música e desta vez não eram os pavões do Museu da Cidade, nem sequer a sua lista de MP3 alfabetada e ordenada segunda a data de edição do primeiro single de cada álbum, eram mesmo violinos e fagotes e tímbales e pífaros e um rabecão um bocado desafinado que tocavam uma valsa em contratempo.

    Paula ouviu o mesmo e baixou o rádio.

   Antes de se mudarem em definitivo para a Odette (com dois TT, porque se fosse só com um era muito plebeu) e se deliciarem com as diferenças entre Tercena e a Rua da Quinta do Pau Feito, ainda foram avistados em Almeirim, onde estiveram de molho na piscina tanto tempo que até se podia dizer que não tinham água em casa para tomar banho.

   Durante o ritual satânico Tabu, que precede a cerimónia do Yahtzee, Paula disse aquilo que todos pensavam... «Aquilo que sinto quando estou perto do Ricardo» ao tentar descrever a palavra Alergia. Depois, com medo de ser queimada na fogueira por tamanha heresia, arranjou uma desculpa meio esfarrapada de que tinha lido Alegria e os ânimos acabaram por se acalmar. MigMac foi arrumar a lenha e o Messias escondeu os fósforos. Foi nesta altura que o Jojoca arrotou, porque ele gosta muito de fazer dessas coisas.

   O que foi verdadeiramente estranho nesta passagem por Almeirim é que no dia da partida, pois foram despejados por não pagarem a renda ao senhorio (um tal de Sr. Vicente que tem um relvado bordejado de tomateiros), se descobriu que aspiravam a cama com afinco. Aspirar a cama depois de se lá dormir? Será que são muito doces e deixam a cama cheia de açúcar? Será que o Radical teve um ataque de caspa durante a noite? Sinceramente, o Messias adverte-vos que não será bom insistir em descobrir a razão de semelhante comportamento. Já por menos aconteceram desgraças maiores... lembrem-se do Grande Pandemónio Holandês. Prosseguir nesta linha de investigação envolvendo aspiradores e camas com o Radical à mistura só pode levar a que se abra a caixa onde se guardou a Caixa de Pandora. E nessa altura o Pai ficará muito zangado, porque é nessa caixa que tem as fotos da mamalhuda do 6º Frente que toma banho de janela aberta e aquele frasquinho de Macieira Centenária que a Mãe não conseguiu confiscar...

    E por falar em mamalh... err... vizinha do 6º Frente. Sim, é isso, por falar na Sandr... err... vizinha! Vizinha! Ninguém falou na Sandra!
   Estava eu sossegadinho no meu fantástico consultório de dentista-amador (viva a Black&Decker), a folhear uma daquelas revistas que há para entreter (Activas, Marias, Prácticas, Tele-culinárias), quando reparo num ser estranho sentado a uns míseros dois milímetros do chão. Estava naquela típica pose de "sou um filho-da-puta dum cabrão preguiçoso que até tenho os joelhos mais altos que o cú". Por momentos veio-me à cabeça a imagem do Radical a cagar no meio do mato - o que é impossível. Mas de facto era ele, a fazer um bocadinho de Pic-Pic. Ainda estava a tentar que as pessoas se esquecessem da Holanda, dos contabilistas e das coisas imbecis pelas quais era conhecido.
    Até a Sandra, que continua a usar coisas que lhe esborracham as mamas (mas isso é coisa sobre a qual não me vou debruçar, embora esteja mortinho por fazer um trocadalho com debruçar, as mamas da Sandra e uma grande dose de chantilly) reparou na pose gay do Rad. Devo confessar que para estar a associar 8000 ficheiros mais vale estar deitado. Ele já estava a meio caminho da horizontal.
   Entretanto ficou com câimbras no indicador direito e resolveu comprar uma cama de 12 m2 lá para a Odette...

   Hoje em dia Radical leva uma vida pacata na remota Tercena, onde ocupa a bela profissão de desempregado profissional, longe dos olhares do Mundo, e assumiu uma nova identidade, pois o escândalo da Holanda de vez em quando volta ao de cima e parece que já começaram a aparecer contabilistas que tentam fazer contas em holandês...

«E chegando às terras a que se chama de Odette, o Messias entrou no retiro de Radical. As suas longas barbas de profeta mostravam que tinha abandonado há muito a carreira de Apóstolo.»
«Dai-me uma cadelinha, ó verdadeiro e único Messias! Dai-me uma cadelinha! E queira o Pai que se chame Gina! E fazei com que haja talheres de peixe na cantina! E fazei com que a sopa não tenha arroz!»
«O Messias, enquanto ascendia aos Céus acenava que não. Cadela com esse nome, ainda provocava desacatos.»

in Séqueço, Cap. 6845, siclos 64, 77 e 78 

Queluz, 27 de Setembro de 2005
113 anos depois de ter sido patenteada a carteira de fósforos.